
A PROVA DE AUDITOR - PRIMEIRA PARTE
Considero este capítulo importantíssimo porque além de narrar como foram meus momentos antes e durante a prova de Auditor Fiscal da Receita Federal, também incluo dicas que são, na verdade, o complemento de tudo que já foi dito no livro e que podem ser aplicadas pelos candidatos a qualquer concurso público. O leitor poderá observar o que passa pela cabeça de um concursando nesta hora decisiva, além de revisar vários tópicos já explicados anteriormente.
Vamos à história.
Para começar a dificuldade deste tipo de prova. O candidato deveria prestar o concurso no local para onde escolheu trabalhar no caso de aprovação.
Surge então o problema de escolher a melhor cidade para fazer a prova. No meu caso escolhi fazer a prova para a região Norte do país porque tenho familiares que moram em Belém, cidade que seria a capital escolhida para a realização das provas.
O fato de ter familiares em Belém me ajudou muito porque não sofri o impacto do isolamento total do mundo em um local distante. Ali, com meus familiares, pude encontrar o conforto e o estímulo necessários em um momento tão delicado como o que iria enfrentar. Sei que nem sempre é possível ter um familiar no local em que estamos prestando a prova, mas se houver uma possibilidade, pode ser um ótimo aliado. Desde que o parente não seja uma tremenda mala também.
Cheguei em Belém faltando dois dias para a prova, tempo suficiente para poder me aclimatar com o lugar e me concentrar para o grande momento.
Reli calmamente vários blocos de fichas, refiz alguns exercícios, enfim, tudo que já havia feito dezenas de vezes, nenhuma novidade. Na verdade ali já não poderia ser o local para novidades. Nesta reta final é melhor consolidar o que já sabemos do que tentar desesperadamente aprender mais. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
Os dois dias finais antes da prova são para revisão do que já vimos, e não para novidades. No dia da prova acordei na hora programada, com tempo suficiente para tomar um café da manhã como sempre costumo tomar, sem idéias de reforço alimentar absurdas. Fazendo simplesmente o que sempre costumei fazer, sem surpresas para mim mesmo. Neste momento importa muito diminuirmos qualquer possibilidade de eventuais estresses.
Acordar cedo para poder fazer tudo com calma é essencial.
Fui de carro com meu tio para o local de realização da prova, no qual cheguei uma hora antes do início, exatamente como o edital pedia. Notem aí a vantagem de se ter pessoas te dando o suporte. Serei sempre grato a eles. Aproveite as estruturas.
Preferi não entrar imediatamente na sala de provas. Percebi muitos candidatos ansiosos por entrar e sentar logo no lugar, mas isso é um pouco cansativo. Falarei um pouco mais sobre este assunto no capítulo “Minha Experiência como Fiscal de Provas”. O sujeito chega e senta logo, daqui a pouco está cansado de ficar tanto tempo no mesmo lugar sem poder fazer a prova e olhando para as paredes. E pior, quando começa a prova, ele já está um pouco cansado de ficar ali sentado, não é bom.
Fiquei lá fora até faltarem 10 minutos para o início da prova. Também não gosto de ficar conversando com outros candidatos antes do início. Considero desconcentrantes conversas que em 99% dos casos não irão ajudar naquele momento crucial e que, pelo contrário, podem até atrapalhar se você se envolver demais.
Resolvi então entrar na sala de provas. Um sentimento me ocorreu naquele exato momento e que tem muito a ver também com a postura religiosa descrita no capítulo “Deus”, a qual me deu uma visão totalmente nova a respeito da igualdade entre as pessoas.
Abri a porta e me defrontei com aqueles vários pares de olhos me fixando. Uma situação que para muitos poderia ser amedrontadora, e até inibidora, o que é pior. Imagine fazer uma prova tendo a lembrança daquele monte de inimigos. Mas pelo contrário, graças a DEUS, olhei para aquelas pessoas com um amor tão grande no coração e vi muitas vidas dedicadas, como a minha, a um objetivo, a aprovação. Vi famílias torcendo para aquelas pessoas, vi mulheres e mães rezando em casa, vi meses de sacrifícios nos olhos daqueles colegas que estavam ali, como eu, buscando algo melhor na vida, a vitória. No fundo do coração desejei sorte a todos, pedi a Deus que olhasse por todos naquela sala.
Que contradição. Desejando sorte aos “inimigos”?
Na verdade o grande adversário a ser venci do em um concurso público é o próprio candidato, e não os outros. Ao longo de meses de estudo, de vários exercícios, simulados e estudos em casa, percebemos que na verdade temos que superar as nossas fraquezas. Fazendo isto é desnecessário pensar nos colegas com a ideia de inimigos. O candidato verdadeiramente preparado só tem a temer, durante uma prova, esbarrar em algum erro cometido por descuido próprio de algo que sabia, mas deixou passar por engano.
Pensando com amor nos outros candidatos você evitará poluir sua mente com mais um peso em um momento tão delicado. Evite um fantasma e ame essas pessoas; envolva sua sala em um grande centro de energia luminosa abrindo os caminhos de todos que ali estão, inclusive o seu.
Ainda antes de começar a realização da prova aconteceu um fato engraçado que me fez perceber como alguns candidatos são desatentos, ou mesmo ignoram o que significa uma prova de concurso público.
A fiscal de prova pediu para que os alunos examinassem as suas provas, contassem as folhas, verificassem a impressão de cada página para ver se estava tudo ok para o começo da prova.
Não é que uma menina simplesmente levanta o dedo e diz em voz alta: “O meu caderno de provas está incompleto, está faltando a prova de informática”.
O grande detalhe era que naquele concurso não iria haver prova de informática.
Não preciso dizer que o fato suscitou alguns risos comedidos mas incontroláveis, tamanha a falta de atenção da pessoa.
Após este inusitado momento de descontração, o fiscal de sala autorizou o início da prova. Utilizei dois minutos do meu tempo para realizar uma oração a Deus, para que tudo corresse bem naquele momento tão especial da minha vida, pedi autoconfiança e tranqüilidade. Entreguei meu nervosismo ou qualquer pensamento negativo que pudesse me prejudicar, e pedi para que conseguisse fazer o melhor, considerando o que havia estudado.
Esta oração inicial é um excelente meio de obter a concentração necessária para o desligamento do mundo exterior e virar o foco para as questões da prova.
Uma pequena oração é um excelente meio de se conseguir
a concentração para o início da prova.
Parti então para o ataque.
Aquela prova teria duração de 5 horas com 60 questões distribuídas em 5 matérias: Português, Inglês, Matemática Financeira, Estatística e Ética.
Comecei pelo que dominava: Inglês. Esta parte do método está descrita no capítulo “Divida os Tempos de Cada Prova”. Comece por onde você tem mais segurança, onde você tem certeza de que terá um bom desempenho.
Este procedimento irá ajudá-lo a ganhar autoconfiança. Sua mente, percebendo que você está indo bem, tranqüilo, sem stress, terá a tendência de manter este nível vitorioso de pensamento mesmo quando você começar a responder às questões de outra matéria mais chata.
No meu caso, a decisão foi tão bem acertada que, após a conferência do gabarito desta prova, verifiquei que havia acertado tudo.
Comece pelo que você é bom.
Depois fui para a prova de português. Não é o meu forte, mas como já estava empolgado com o desempenho na prova de inglês, achei que seria melhor encarar logo aquele desafio aproveitando o “embalo” em que estava.
Acertei 11 das 15 questões. Razoável para uma matéria em que não se é muito bom. Estava um pouco receoso com estatística. Era uma matéria que nunca fui muito seguro, apesar de ter realizado um curso específico só para tentar aprendê-la. Fui com muita cautela e, para minha satisfação, percebi que haviam alguns exercícios idênticos aos dos simulados de que participei.
Esta é uma das vantagens de se fazer simulados e treinar bastante os exercícios. Você com certeza irá se defrontar com questões muito parecidas, para não dizer idênticas, no momento da prova.
Tenha tranqüilidade. Questões de provas são parecidas ou idênticas às que você realizou nos simulados e exercícios.
O mesmo fato também se repetiu em Matemática Financeira, apesar de nesta matéria estar mais tranqüilo em relação ao conteúdo. Mesmo assim agradeço aos simulados e exercícios.
Ética se restringiu a um assunto pequeno que foi plenamente abordado no cursinho, facilitando a resolução das questões sem desesperos.
Em 3 horas e 25 minutos conferidos no relógio, instrumento indispensável do candidato, acabei a prova. Porém, em função de estar preparado para encarar mais horas com os glúteos colados na cadeira, resolvi rever calmamente as questões que fiquei com um pouco de dúvida, antes de passar para o cartão-resposta. Já pensando neste tempo de revisão que iria ter, durante a execução da prova fui marcando as questões de maior complexidade ou dúvida. Ficou fácil de achar cada questão sem perder preciosos segundos. Novamente relembro a leitura do capítulo “Divida os Tempos de Cada Prova”.
A prova, como já disse, era composta de 60 questões do tipo múltipla escolha. Para uma prova neste formato considero plenamente hábil o tempo de 15 minutos para a marcação do cartão-resposta, embora tenha recomendado o espaço de 30 minutos para este procedimento no capítulo “Divida os Tempos de Cada Prova”. Neste ponto o candidato deve ter um
feeling pessoal do seu tempo para o cartão-resposta, mas que não seja menor do que 15 minutos, sendo também desnecessário estipular mais que 30 minutos para esta tarefa.
Faça com bastante calma e sem pressa para acabar e entregar a prova. Como dica recomendo que você escreva em letras garrafais ao lado da questão no caderno de provas, a opção escolhida.
Não se preocupe com cola, geralmente as provas possuem números trocados. Se alguém tentou colar da minha prova provavelmente errou tudo.
Seguindo este procedimento você evitará marcar errado o cartão-resposta, se confundindo com o que na verdade tinha marcado na prova, em função do tamanho reduzido da bolinha que tinha feito na letra “(c)”.
Escreva logo um “Cezão” bem visível para que você não perca tempo no momento de transcrevê-lo para o cartão-resposta.
Fiz esta prova com bastante calma e sem pressa para sair de sala. Isto é essencial em um momento em que a paciência e a concentração são exigidas ao máximo. Fui o último a entregar a prova. Saí satisfeito nesta primeira etapa, mesmo sem ter visto o resultado.
As outras duas etapas se realizariam no dia seguinte, sendo uma pela manhã e outra à tarde, com um intervalo para o almoço.
(continua na 2ª parte)

